A oferta de ensino bilíngue é cada vez maior, mas esse assunto ainda gera muitas dúvidas na cabeça dos pais, especialmente na educação infantil. Alguns têm a certeza de que as escolas bilíngues facilitam a vida dos filhos, pois aprenderão um segundo idioma desde pequenos.
Já outros ficam preocupados com algumas afirmações que ouvem por aí, como dizer que esse ensino confunde as crianças. Até ouvem que é pedagogicamente mais fraco ou causa atrasos no desenvolvimento da fala, já que seria muita coisa para aprender ao mesmo tempo.
A verdade é que o bilinguismo não foi um fenômeno inventado pelas escolas bilíngues, mas é natural em todo o mundo. Em países em que se fala mais de uma língua, as crianças já nascem e desenvolvem a fala de maneira bilíngue. Assim se tornando adultos que transitam perfeitamente entre as duas línguas. No Brasil, como o português é a nossa língua oficial, acabamos por não compreender como isso acontece e criamos muitos mitos em torno do assunto.
Então, para saber o que é mito e o que é verdade sobre o ensino bilíngue, acompanhe!
1. Confunde a criança
Mito. Muitas pessoas acreditam que aprender duas línguas ao mesmo tempo pode confundir a criança, mas isso é um mito. Pelo contrário, pesquisas na área de neurociências afirmam que isso é muito benéfico e só tem ganhos pedagógicos. Todo ser humano nasce com a capacidade cognitiva de aprender línguas, basta desenvolvê-la no convívio social com a família ou por meio do ensino.
No entanto, essa capacidade é mais aguçada dos dois aos quatro anos, se perdendo ao longo do tempo. Essa é a razão pela qual é importante colocar seu filho no ensino bilíngue desde pequeno. Quando exposta a uma segunda língua, a criança estimula diferentes regiões do cérebro, criando conexões e aprendendo sem dificuldade.
Ao contrário de confundir as duas línguas, a criança é capaz de organizar a estrutura linguística natural de cada uma. Exemplo disso são crianças com pais de nacionalidades diferentes que são naturalmente bilíngues e falam dois ou mais idiomas com facilidade, antes mesmo de aprender qualquer gramática escolar.
O que pode acontecer, em crianças que aprendem tanto com os pais quanto em escolas bilíngues, é a mistura de palavras de uma língua na outra, fenômeno conhecido na linguística como “code-switching”.
Isso acontece porque as duas línguas já estão tão naturalizadas que o cérebro acessa primeiramente as palavras que vierem de forma mais fácil. Essa é uma característica reconhecida da fala bilíngue em contextos naturais, até mesmo em adultos. Com o tempo, a criança compreende melhor como evitar essa troca, conhecendo as diferentes situações comunicativas.
2. É pedagogicamente mais fraco
Mito. O ensino bilíngue não tem uma única maneira de seguir o currículo. Ccada escola se organiza de diferentes formas para atingir seus objetivos pedagógicos. Mas isso não é exclusivo da educação bilíngue, pois acontece em toda escola tradicional também.
Assim, ele não é automaticamente nem mais forte, nem mais fraco que o ensino comum. O que acontece é que a educação bilíngue proporciona que os alunos aprendam os conteúdos curriculares e outras vivências nas duas línguas. Por exemplo, contar histórias em inglês e português ou aprender matemática nos dois idiomas. Por essa razão, provavelmente seu currículo é até mais complexo que o de uma escola tradicional.
3. Promove atrasos no desenvolvimento da fala
Mito. Em contextos bilíngues naturais, isto é, com filhos de pais de nacionalidades diferentes, é verdade que uma criança bilíngue pode demorar mais para falar, mas isso não significa um atraso mental. Muito pelo contrário.
Pesquisas linguísticas afirmam que como a criança está exposta a duas línguas ao mesmo tempo, seu cérebro precisa acomodar os dois idiomas. Mas, quando começam a falar, já são fluentes em ambos, o que é uma capacidade incrível.
No entanto, isso dificilmente acontece em um contexto de ensino bilíngue, pois a criança já teve ou está tendo a aquisição natural de sua língua materna. Agora, somente começará a aprender um segundo idioma, criando estruturas cerebrais, como já foi explicado.
4. Possibilita a imersão em diferentes culturas
Verdade. O ensino bilíngue proporciona muito mais do que o aprendizado linguístico de um segundo idioma. Nesse contexto de imersão, aprendem-se questões relativas à cultura daquela comunidade de falantes estrangeiros, como hábitos, costumes de alimentação, roupas, brincadeiras, feriados e formas de se comportar e interagir com outras pessoas, em diferentes situações.
Entender todo esse modo de viver é extremamente útil para que no futuro se comuniquem com pessoas de outros países, viajem e até mesmo trabalhem ou morem fora do país.
Uma dúvida comum de alguns pais está relacionada à crença de que a criança aprenderia somente a cultura do outro país e não a cultura brasileira. Isso está errado. É preciso desconstruir essa visão de cultura como algo pertencente a um só povo.
Hoje, com a globalização, um brasileiro pode gostar de séries norte-americanas, mas não gostar de futebol nacional. Isso é extremamente comum e não significa que esse indivíduo seja mais ou menos brasileiro. O que acontece é que esse sujeito, mesmo morando no Brasil, tem costumes tanto brasileiros quanto norte-americanos, fazendo dele um cidadão global.
Assim, no ensino bilíngue, agregam-se conhecimentos de diferentes culturas, incluindo a brasileira e outras.
5. Estimula o desenvolvimento do lado social
Verdade. Como estão imersas em diferentes culturas, as crianças aprendem diferentes visões de mundo, valores e costumes sociais. Isso propicia que elas tenham a mente mais aberta e respeitem melhor a diversidade.
Além disso, faz com que sejam mais comunicativas, flexíveis e criativas, pois podem interagir em mais de um idioma. Isso as torna capazes de resolver problemas em diferentes contextos e situações.
6. Permite aprimorar o sotaque
Verdade. Quando criança, o aparelho fonador (boca e língua) do ser humano ainda está em formação. Portanto, reproduz qualquer som com facilidade.
Além disso, em suas estruturas cerebrais, ainda não há muitas comparações com a língua materna. Assim, conseguem reconhecer e produzir fonemas de maneira mais natural. Podendo até mesmo distinguir sons que não são da nossa língua.
Como acontece com a capacidade de falar, essa habilidade também se perde ao longo da maturidade. Portanto, as crianças são muito mais capazes de aprimorar o sotaque, apresentando pronúncias perfeitas.
E então, conseguiu entender melhor como funciona o ensino bilíngue? Como você pôde ver, ele tem muito mais vantagens que desvantagens. Além de propiciar que seu filho aprenda e desenvolva um novo idioma com muito mais facilidade, imerso em outras culturas.
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